segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tu


Nas minhas mãos seguro um preço incalculável de amor. As tuas mãos. Toda a loucura que imaginei muitas vezes e em segredo, que fosse o amor. O amor para lá da exausta palavra que o rasga em estilhaços. O amor. Seguro as tuas mãos e beijo-as devagar. Hesito-lhes o sentido (talvez não tenha mesmo sentido para elas). Seguro-as e amo-as e pressinto nelas um preço incalculável de perfume sondando a parte indiscreta dos sonhos. Sim, imaginei-o muitas vezes e em silêncio, este amor que me perturba e me preenche, me transporta... Um preço incalculado de amor sussurando na pele, forçando poemas luminosos nas esquinas dos dias, este amor que é apenas amor e se desfaz, se o segurarmos nas mãos, em mais amor, mais forte ainda, ardendo na cauda das palavras. Não o supus tamanho, possível. E no entanto seguro-o nas mãos. E por isso estremeço, seguro-o com força, hesito-lhe o ponto cardeal: TU. Que Deus nos guarde.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Para ti


Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.

Mia Couto, Raiz de Orvalho e Outros Poemas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Regresso do Sorriso de Sol



Estava a ouvir esta música e lembrei-me de ti. Foi instinto. Sorri...
A palavra Amor só tem um significado. Um só nome. O teu...
Agarra a minha mão. Vem comigo. E acolhe este coração que bate desenfreadamente por ti. Amo-te muito sabias?!

Lembras-te?

O que vivemos foi bom. Fomos poesia como disseste. Fomos suor... amor e lágrimas... Fomos guerra e paz. Preto e branco. Tudo ou nada. Não podia ser de outra forma. Ambos sabíamos. Por isso, custa imenso sentir que ao fim de todo este tempo não me conheces. Chegamos novamente ao fim caminho. "Nunca mais..." (lembras-te?) Porque me segues então? Porque insistes? Quando nada mais tens para me dar? Quando julguei que me conhecias como mais ninguém. Puro engano... e já é tarde para voltar atrás. Lamento... lamento muito... Há um ano entrei neste blog cheio de sonhos. Hoje saio de mãos vazias...

Sentes...?


Sentes?
Como te percorro num poema?
Sentes
Como é escrever as palavras?
Como é arrancá-las do corpo
Para tas entregar, para que as sintas,
Para que o poema seja teu
E sejamos o poema
E eu seja a palavra
E tu sejas a poesia...
Sentes como te percorro num poema?

sábado, 14 de novembro de 2009

Sem revolta


Algures neste mundo tão grande, há corações que se pertencem para sempre. Às vezes lutamos muito contra isso e revoltamo-nos porque não percebemos porquê. Tentamos desesperadamente combater essa espécie de destino, encontrar uma outra saída...
Mas acredito que há seres humanos que são como as peças de um puzzle. E só quando as encaixamos, é que tudo o resto faz sentido.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E de súbito


E de súbito
Tu
Esvoaçando nas vidraças claras do pensamento.
Tu
Caminhando nas minhas têmporas como fogo.
Tu
A doer cada vez mais.
Tu
De súbito.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

We've Got Tonight

Aceitas...?!

domingo, 1 de novembro de 2009

O teu riso


Este céu passará e então
teu riso descerá dos montes pelos rios
até desaguar no meu coração.