quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os sonhos acabam quando finalmente acordamos de um sono profundo...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Últimas palavras


O tempo é um assassino. A memória uma prisão. Vivemos algures entre os dois: balançando, oscilando, numa espécie de maré. Salgada e doce. Quente e gelada.
Vivemos algures. Entre espadas e paredes. Lâminas afiadas ou superfícies de seda. Entre vertigens e sorrisos. Mágoas e vontades abandonadas. Abraços felizes e pele faminta.
Vivemos tantas vezes. Morrendo e renascendo, numa vida só. Entregando-nos a um tempo imparável. Sem compaixão. Implacável. O tempo mata e a memória prende. O tempo apaga e a memória recupera. Vivemos assim, algures, longe do mundo, num tempo de partidas e chegadas. Às vezes venho aqui para te trazer de volta. Para regressar contigo aos sítios onde tocamos as estrelas. Mas hoje venho só para me despedir. Para te beijar assim, tão docemente e deixar-te regressar à paz perdida, aquela que eu te roubei. Abate-se de novo o silêncio entre nós. Dias passarão, meses, até anos, mas eu sei e tu sabes, que quando por acaso os nossos olhos se cruzarem, o tempo parará de novo. O mundo deixará de fazer sentido. E dentro de nós, os nossos corações voltarão a esse lugar, algures, entre a dor e a saudade. E baterão ao mesmo ritmo. O ritmo inaudível de uma sonata a duas mãos. Que foi sempre, só nossa.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tristesse...


O silêncio abateu-se sobre os dois. São actores de outros argumentos. De outro tipo de relacionamento. Apesar do esforço dele, não há lugar para uma simples amizade. Hoje ele teve a certeza! E um fosso enorme se abateu sobre os dois quando ele reparou na mão direita dela. Especificamente para o lugar vazio deixado pelo anel que ele um dia lhe ofereceu. Símbolo de compromisso, entrega e amor. Sim, amor... e não foram precisas mais palavras. Tudo se tornou demasiado dispensável. E na outra mão a velha aliança. Essa sim, poderosa e omnipresente. A que sempre prevaleceu... a que sempre prevalecerá...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Lugares vazios


Se me esqueceres, ... esquece-me bem devagarinho.

Mário Quintana

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Como?


Na última noite em que estivemos juntos, antes de me deixares partir, tu abraçaste-me muito fundo, limpaste-me as lágrimas com o teu sorriso de sol e disseste: "Até logo, meu amor..."
Havia nessa expressão a certeza de que seria fácil a distância entre nós, e eu quis acreditar que seria assim... Mas não é fácil. Tu fazes-me falta... Tanta falta! Procuro-te em todo o lado, sabendo que não és tu quem entra no café onde te espero, não é teu o rosto com que me cruzo na rua, não és tu do outro lado, sempre que atendo o telefone, não é teu aquele perfume, que sinto de raspão quando cumprimento alguém... E no entanto, procuro-te em todo o lado, tentando calar a dor e a saudade que batem fortes no meu peito, que me enchem os dias vazios da tua presença física... como uma obsessão, uma teimosia do coração em revolta que não aceita a tua falta. Penso-te. Em todo o lado, a todo o momento, penso-te para sobreviver à saudade. Meu amor de todas as horas, de todos os momentos, como calar a minha boca que exige beijar a tua, o meu corpo que quer encontar o teu e fundir-se num abraço infinito, morrer de paixão numa entrega completa, perder-se para sempre no teu olhar de mel?
Como?