Venho despedir-me de ti. Ainda não o tinha feito e preciso de o fazer... Preciso que saibas que compreendo. Que respeito. Que aceito. Deixei de lutar, sabes? Deixei de chorar. Acho que chorei todas as lágrimas que cabiam nos meus olhos... e agora sou só calma e mansidão... Deixei a revolta pousada na mesa do café, entre as chávenas frias, e encontrei a paz nos teus olhos, no teu sorriso, nos gestos que conheço tão bem, naquele tique que tens de afastar o cabelo dos olhos, na maneira como apagas o cigarro... Deixei lá tudo. Compreendi que de nada adianta a revolta... e que as coisas, como as árvores, têm o seu tempo que não adianta tentar apressar. Por maior que seja a dor, a saudade, a falta que me fazes, deixo-te subir sozinho a tua montanha. Fico só por aqui, em silêncio, à tua espera. Um dia talvez regresses, talvez voltes ao meu peito para matar os dragões, para afastar os demónios que me cercam... Um dia. Talvez.
Despeço-me de ti sem partir, sem te dizer Adeus, sem revolta nem medos. Encontra a tua paz, procura-a no silêncio da tua solidão, e volta depressa. Encontrar-me-ás aqui, onde me deixaste, como uma árvore à espera da Primavera, como uma ave aguardando ventos favoráveis... Nunca te deixarei só. Encontras-me sempre nas margens das palavras, na curva de uma onda salgada... Ou dentro de ti. Por isso não largues a minha mão.
Desejo-te boa viagem... e abraço-te com amor, com todo o amor que quero que leves contigo... E beijo-te a boca.
Amo-te muito... sabias?