Estavas enganado amor, desculpa. Sempre que dizias que pouco temos, que cada vez temos menos, estavas enganado. Cada dia traz-te até mim, mais dentro, mais fundo... E hoje quero agradecer-te. Sim, eu sei que não gostas, dizes que o amor não se agradece... Agradeço-o a Deus então. Ou aos deuses. Ter-te comigo neste momento da minha vida em que tudo desaba, em que a serenidade foge como água escorrendo entre os dedos, é um presente divino... O teu amor esperando por mim, segurando-me nas quedas, nas derrocadas... O teu amor dando-me colo ao fim do dia, colando os cacos em que me vou partindo, conversando baixinho, brincando com os meus cabelos, acariciando-me a pele... O teu amor que finge não ver as linhas do cansaço nos meus olhos, que me limpa as lágrimas e me abraça tão forte... O teu amor do outro lado da linha, esperando que eu volte sem exigir nada em troca... O teu amor que me perdoa e esquece as pressas, os nervos, os esquecimentos, o descontrolo... O teu amor sereno, seguro, forte... Que acredita e cresce todos os dias. Sinto que te tenho por inteiro, de todas as vezes na cama onde nos amamos, em cada beijo, em todas as despedidas, a cada reencontro. E mesmo feita farrapo, partida em mil pedaços, com o coração assustado, mesmo sem brilho, sem ânimo e sem forças, é no teu abraço que me reergo, nos teus olhos que me reestruro, no teu sorriso que me renovo... Porque tu és a minha vida.
Como vês, estavas enganado, amor. Tenho-te por inteiro... e ao ter-te assim, desta maneira, tenho tanto...! Tenho tudo, afinal.