Este é o mais precioso dos meus blogs. O diamante no meio das pedras, a pérola dentro da concha, que só nós sabemos abrir. Porque ao longo de mais de dois anos ele não foi um blog... Foi, como já te disse em ocasiões anteriores, a nossa casa. A única possível. Mas a nossa casa. O avesso do nosso coração, aquele lado de dentro que ninguém suspeita que existe e que nós entregamos um ao outro numa partilha absoluta e total. Entrar aqui hoje e ver que permaneces, deixa-me feliz... Porque tu sabes, sempre o soubeste, o quanto significa para mim. Lembro-me de te ter falado nele a medo, timidamente, quando regressávamos da praia e de tu teres dito que não... Tínhamos as mãos entrelaçadas e eu conduzia devagar... Lembro-me de que me calei e não insisti, porque achava que era um sonho... E lembro-me também de que nesse mesmo dia à noite me disseste para o abrir. Deixaste tudo nas minhas mãos, numa confiança cega que me enterneceu... E escolher cores e imagens, palavras e versos, era um pouco como decorar a nossa casa e eu queria fazê-lo bem, queria que fosses feliz aqui, comigo...
Ao longo de mais de dois anos este blog foi riso e lágrimas, dor e saudade, luto e desejo, silêncio e palavras... Foi o espelho das nossas almas. É para mim o mais belo de todos os espaços, porque é o espaço do nosso amor, sem fronteiras e sem censura, sem máscaras, a nu... É o nosso Amor em imagens e poemas. Para sempre. Talvez por isso, como tu, tenho necessidade de me despedir antes de fechar a porta e apagar a luz, antes do silêncio e da escuridão. Teres ficado comigo neste espaço onde nos amámos tanto, é uma atitude de grande nobreza e que me enche de orgulho. É uma atitude de respeito por toda a entrega que fizemos um ao outro, pelo tanto que apesar de tudo, construímos.
Como tu, saio com o coração sangrando, partido em mil pedaços e eu que sempre segui o coração, não sei agora que pedaço seguir... Tu és o meu amor, o meu único amor. Abrir mão de ti e da felicidade que foi amar-te, é o tiro no peito que eu sei que tu também sentes... Sabes, sinto-me como o escorpião que preso num círculo de fogo e incapaz de fugir, se suicida enterrando no corpo a pinça envenenada... Seguirei os meus dias sendo uma pessoa diferente da que conheceste e amaste, porque hoje arranco o coração do peito e deixo-o aqui, na nossa casa, a salvo do círculo de fogo em que vivo. Sei que o protegerás e o continuarás a amar, porque sabes que ele te pertence e porque é a coisa mais nobre que eu te poderia dar... Deixo aqui hoje, quatro anos depois de te ter conhecido, a minha alma que é só tua. Para sempre. E o mar, o nosso mar, que é a testemunha que sempre nos abraçou e protegeu, que nos viu sorrir felizes e ouviu as nossas vozes alteradas, será eternamente a nossa casa. Na sua voz encontrarás sempre as minhas palavras, as minhas últimas palavras: Amo-te tudo, minha vida.
Desejo tanto que sejas muito feliz, meu sorriso de sol...