A noite sai devagar e pela janela espreito as primeiras luzes deste novo dia. O trabalho está quase. Mas apetece-me escrever. Para ti. O cigarro está aceso. A cada trago penso em nós. Na pele as marcas de ontem. No olhar o reflexo de ti. E no pensamento a conversa de hoje. Falei-te em eclipse, lembras-te? O que temos, quando estamos juntos e os Deuses distraídos, equipara-se a um eclipse, pela magia e beleza que emana. A conversão de dois corpos, duas almas, dois corações num só. E tudo pára...
Mas nós somos mais que apenas um eclipse. Tens razão, somos duas metades de um só coração. Às vezes partido por fora, mas unido por dentro. E quando soa aquele quase inaudível click, de duas peças que se juntam numa só, é como se não existisse mais nada. Só este Amor que nos preenche e tantas vezes nos abalroa. Mas que subsiste a tudo. Imponente como só ele sabe ser. Pouco preocupado com a razão. Ou com medo do mundo.
Só existe espaço para as palavras sagradas, como a que gosto de te dizer: "Amo-te!"