Entro aqui para te encontrar, para te sentir a presença, encostada às palavras que escreveste para mim. Sinto o frio da ausência, da solidão, talvez do abandono... Pergunto-me onde teremos nós falhado, sabendo que agora isso nem sequer é importante... Falhámos os dois... E essa é a única coisa que verdadeiramente interessa.
Quero que saibas que o abismo em que sinto termos caído, é o mais fundo que já vivemos juntos... E chega uma altura, quando se ama demais, em que não pode existir egoísmo, em que temos que parar para pensar no outro... E eu penso em ti, a esta hora talvez com o olhar preso à tv, entretido num filme qualquer... Penso na tua serenidade, na paz que procuras e dizes que eu te roubo... Penso na distância fria entre nós... No silêncio. Penso no que fomos sempre um para o outro e no quanto teimamos em perder-nos, em lutar contra o outro, numa roda viva de emoções que rasga tudo cá dentro... Penso nas palavras que foram ditas e no seu significado... Penso.
Sinto-me só... Muito só. E triste. Porque este amor teria merecido mais do que orgulho e desprezo. Porque sinto que este amor, apesar do tamanho, apesar da força, não basta para sermos felizes.
Talvez por isso, só por isso, apago o sol que sempre foste, bato a porta devagar e saio para as sombras.