quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Coisas que tu não sabes


Há dias em que tudo toma o teu nome emprestado. Dás o teu nome às coisas. Dás o teu nome aos sons e aos silêncios.E tu não sabes, mas às vezes escolho as músicas que tu gostas de ouvir. Para ficar aqui, assim sozinha a dançar abraçada a ti. Emprestas a tua mão aos toques acidentais ou propositados que a minha pele recorda. E tu não sabes, mas às vezes quando fecho os olhos com força juro que sinto a tua mão na curva do meu pescoço. Ouço-te chamar os nomes que me chamas e eu vou. E depois há qualquer coisa que vem de muito longe e que não consegue acabar de vir. E tu não sabes, mas às vezes ouço a tua língua a brincar com as sílabas diminutas do meu nome. E tu não sabes, mas às vezes ouço-te rir enquanto meto os dedos na boca para não gritar a tua falta. Eu e tu dentro de nós à procura um do outro. E tu não sabes, mas às vezes ouço o chão a rir-se por baixo de nós, e às vezes ele cai... Eu e tu sem pressa, à volta de pessoas que correm mais que o tempo. E tu não sabes, mas às vezes quando perguntas quanto tempo demora o tempo a passar, eu desejo que nem haja tempo. E perdoa se ontem gritei bem alto como se ali estivesses, que já não te queria, que não tinha sequer chegado a querer-te. É que tu não sabes, mas às vezes preciso mesmo fingir que estás por perto e que acredito que isto é menos que nada. Tu não sabes mas preciso muito disso para não desesperar. Preciso muito de te dizer muitas coisas, como o que te escrevo, que foi um pouco mais ou um pouco menos que uma declaração de amor...

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