quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Como ouro...

 
Quando o coração dói mais, fujo do mundo e escorrego para dentro de mim... Vou até um tempo que brilha como ouro no fundo da minha memória... Lembras-te? Eu ia ter contigo ao fim da tarde com o coração descompassado e o corpo a tremer muito... Tu fechavas a porta à chave, mudavas a disposição das luzes e abraçavamo-nos com a certeza infinita de tudo estar certo naquele momento... Era ali, a horas tardias, que no teu colo, no teu abraço, no pulsar do teu coração contra o meu, todas as dores se apaziguavam... Era a certeza de te amar contra o mundo. Era a certeza de te chamar meu. E tu sorrias, e passavas os dedos pelo meu cabelo e falavas em parar o tempo...
Sim, quando o coração dói mais, regresso a esse tempo parado, perdido algures dentro de mim, que se vai confundindo já com um sonho irreal... Tenho medo de perder as memórias... Tenho medo de esquecer o teu cheiro, o tom da tua voz, o som do teu riso alegre... Por isso, quando o coração dói mais, quando a solidão é insuportável e a saudade me rasga o peito, mesmo sem entender porquê, o teimoso do meu coração regressa a esse tempo parado e apazigua-se... A dor acalma finalmente e cheio de doçura, uma doçura que é toda para ti, ele teima em escrever cartas de amor. E são todas para ti.
Como esta.

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