domingo, 17 de outubro de 2010

Detalhes


Na cozinha da tua casa, em cima de um murete, sobressaindo do verde das plantas que a rodeiam, existe uma miniatura daqueles radios antigos que o tempo já fez perder. Quando o vi pela primeira vez não estavas junto de mim, não sei porquê... E nesse momento em que o descobri, apeteceu-me pegá-lo com as duas mãos, com cuidado e devagar, tomar-lhe o peso, passar os dedos na tinta vermelha para lhe sentir a textura, ligá-lo para saber se dele, como por magia, se fazia ouvir alguma música... Fascinou-me aquela peça, ali pousada como se me olhasse... E desde então, de todas as vezes que entro na tua casa, não sei porquê, mas os meus olhos procuram o radiozinho e de todas as vezes ele me encanta... E quando te evoco em casa, quando te recordo na cozinha, também não sei porquê, mas a primeira imagem que vejo cá dentro é a do teu rosto junto da lindíssima miniatura vermelha entre as folhas verdes, tocando sempre, muito baixinho, uma sonata que é só nossa...

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