quinta-feira, 29 de novembro de 2012

É junto do mar que saro as minhas feridas...

 
É lá que te encontro, sempre que não aguento o peso dos meus dias. Chego com o coração ansioso, como quando ia ter contigo a tua casa, para te amar naquele quarto de paredes verde-água. Sento-me na areia, acendo um cigarro e é então que te vejo... Estás sentado a fumar, o blusão apertado até cima para te proteger a pele do frio e tens o cabelo revolto pelo vento... Ou então caminhas ao longo da água com o teu passo felino e de vez em quando baixas-te e apanhas um beijinho que guardas na mão em concha. Muitas vezes, como hoje, ouço-te cantar... Cantas de olhos fechados e sorris o teu sorriso de sol... E então o teu sorriso de sol é meu ainda. Eu abro os braços e pergunto-te: Sentes? - E tu inspiras fundo o cheiro fortíssimo a algas e a mar, e não me respondes... Ficamos ambos em silêncio, assim só ao pé um do outro, a olhar aquele mar que nos uniu...
Hoje escrevi o teu nome com o meu dedo na areia, dentro de um coração. Deixei-o longe da água, junto das minhas pegadas. Talvez a espuma das ondas não o tenha destruído... Talvez ainda lá esteja, junto do mar onde saro as minhas feridas.

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