sábado, 3 de novembro de 2012

Mergulho...

  
Foi há quatro anos, lembras-te meu amor?
 
E hoje. Hoje regresso aqui, à casa dos sonhos que construímos juntos, pedra sobre pedra. Regresso ao meu jardim proibido, abro os portões da memória e fico contigo... Como dantes, adormeço no teu colo, nos teus braços, no teu abraço, e os teus dedos desfiam ternuras nas pontas do meu cabelo, dedilham palavras sem voz que te leio nos gestos... Hoje. Hoje regresso a ti, e não me importa que já não me queiras, porque esta casa ainda prende a tua alma, as tuas palavras, o teu riso e as lágrimas, o desespero e a esperança. Hoje visto o manto de luz de guardiã da saudade e recordo-te. Nada mais quero do que recordar-te, manter viva a memória e os sonhos que ergueram a nossa casa. Eram fortes e ela não ruirá. Uma casa. Nossa. Como nosso foi aquilo a que chamamos amor. Um amor especial e único que se respirava ao segundo, tão forte, tão intenso, enchendo a nossa vida de sol. De sal. De poesia.
Hoje. Regresso à praia da nossa solidão e amo-te outra vez, abraço-te de novo como se o mundo fosse ruir e olho no fundo dos teus olhos. Hoje não tenho medo de te chamar meu, de te beijar a boca até que o corpo, num incêndio devastador, me roube o sono e a serenidade. Colo o meu corpo ao teu e somos um. Outra vez. Leio-te e ouço-te como dantes, danço contigo ao som desta sonata que hoje toca tão forte, tão acima de todos os ruídos do mundo... Hoje amo-te de novo e somos ainda algas ou peixes, rochas robustas erguidas sem medo no mar da vida. Somos oceano. Somos água, como este amor pelo qual lutámos tanto! E sussurro-te ao ouvido um único segredo: os amores de água nunca morrem, não há longe nem distância, tempo, saudade, silêncio ou solidão que os façam secar... Eles apenas se transformam... em nuvem, chuva, rio, regato, ribeiro, mar ou oceano... Muitas vezes também em lágrimas... Mas estão lá, cheios de vida no seu corpo de água.
 
Esta casa, a nossa casa, tem quatro anos... Lembras-te, meu amor?
Dá-me a tua mão, o teu sorriso de sol, e mergulha comigo no sal do oceano profundo que fomos...
E sim, amo-te muito... Sabias?

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