O meu amor por ti é. Não é mais nem é menos. É. O meu amor por ti é agora. Existe e está
aqui comigo e eu não o meço, não lhe tomo o peso, não o comparo. Sinto-o e
basta-me.
Posso
cansar o meu amor a medi-lo, mas desisto de medir o meu amor por ti. Queria dizer-te o que ele é. O poder
que tem. Queria mostrar-te como é, comparado com outros. Mas nada disso é
verdade, porque o meu amor por ti não é construção. Não tem tempo, não foi antes
e não é depois. E não pode nada a não ser ser. Volto ao início e talvez tente de
novo, num dia de sol e de vento, mostrar-te o meu amor por ti. Se o vires,
talvez o reconheças, mesmo sem lhe saberes as formas e as medidas, mesmo sem o
poderes comparar com nada que tenhas visto antes. Quem sabe tu olhas para ele e
o vês como ele é. Ou se calhar nem o reconheces no horizonte, tão estranho se encontra,
sem semelhança com que o possas identificar. Mesmo sem lhe dares forma e medida,
saberás que ele é?
Eu sei que ele é, porque mesmo quando lhe viro as costas e finjo que não
existe, continua lá, o meu amor de água. Tem a qualidade do que existe e mais
nada.
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