
Lembro-me bem daquele dia. Chegaste perto de mim, com aquele teu olhar lindo e doce de menina, e disseste: “D. tenho uma coisa para ti”. Eu sorri, curioso, à medida que me ias mostrando a mão fechada. Olhaste de novo para mim e, um pouco temerária, acrescentaste: “Sabes, isto não vale nada mas tem um grande significado”. Abriste a mão lentamente e mostraste-me aquele pequeno coração de metal. Sorri de novo. Sei o quanto adoras corações e aquele pequeno objecto tinha um grande significado para ambos. Recebi-o com carinho e coloquei-o junto ao peito, num pequeno fio. Olhei para ti e disse: “O teu coração vai estar sempre comigo… junto ao meu”. Selamos aquele momento com um beijo terno e doce. Pouco depois contaste-me que havias encontrado o pequeno coração, já meio amolgado, na calçada do passeio. Que foram para ele o teu olhar mais atento enquanto caminhavas. E que, num ápice, o apanhaste antes que alguém ousasse roubar aquele tesouro. Enquanto escutava atentamente, apaixonado pelas tuas palavras profundas, imaginava o quanto o teu olhar brilhou e o quanto o teu coração palpitou, no momento em que viste aquele pequeno coração perdido na imensa calçada. Faz-me recordar quando disputamos cada palmo de areia à procura de beijinhos. Adoro ver-te sorrir meu amor. Há uma aura tão luminosa que invade o meu peito e me faz amar-te perdidamente… Hoje, não raras vezes, à noitinha, quando todo o mundo já dorme, pego naquele pequeno coração de metal e sinto-te bem junto a mim… as nossas mãos entrelaçadas… como um só (coração)…
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