sábado, 20 de junho de 2009

Uma história de Amor


No momento em que o cortejo nupcial saía da capela, a Andorinha viu o Gato no seu canto. Não sei que jeito ela deu no voar que conseguiu derrubar sobre ele uma pétala das rosas vermelhas do seu buquê de noiva. O Gato a colocou sobre o peito, parecia uma gota de sangue.
Já não havia futuro com que alimentar seu sonho de amor impossível. Noite sem estrelas, a da festa do casamento da Andorinha Sinhá. Apenas uma pétala sobre o coração, uma gota de sangue.
A música doía-lhe no coração. Tomou da pétala de rosa: olhou mais uma vez o parque coberto pelo Inverno, saiu andando devagar. Conhece um lugar longínquo... O Gato tomou a direcção dos estreitos caminhos que conduzem à encruzilhada do fim do mundo.
Quando passou em frente à casa da festa, viu os noivos que saíam. A Andorinha também o viu e adivinhou o rumo de seus passos. Qualquer coisa rolou então dos céus sobre a pétala que o Gato levava na mão. Sobre o vermelho de sangue da pétala de rosa brilhou a luz da lágrima da Andorinha Sinhá. Iluminou o solitário caminho do Gato Malhado, na noite sem estrelas.
Aqui termina a história.
Jorge Amado, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, uma história de amor

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